quarta-feira, 9 de setembro de 2015

[Update] Ebook do Além do Fim em pdf

Não é mais possível acessar o pdf do Além do Fim no site da Casa do Lápis, por isso trago mais duas opções para quem quer baixar o pdf:
Pelo dropbox: https://www.dropbox.com/sh/2b8qf3aauz7fxdr/AAAvnssrAwYzypD43XNH4pJra?dl=0&preview=alem_do_fim_rmzinsly.pdf
Pelo 4shared: http://www.4shared.com/office/-TqcTbOX/alem_do_fim_rmzinsly.html
O link da Bookess continua funcionando.

Obrigado,
Raphael

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ebook do Além do Fim

Olá pessoas, finalmente é possível ter o Além do Fim em formato de ebook.
É possível baixar o pdf no site da Casa do Lápis: http://casadelapis.com/blog/ebooks/
Ou visualiza-lo virtualmente no Bookess: http://www.bookess.com/read/14289-alem-do-fim/
Acredito que o formato facilite bem mais a leitura do que ler aqui pelo blog.
No mais, visitem a Casa de Lápis (http://casadelapis.com) ainda posto textos meus lá.

Abraços,
Raphael

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fim

A história chegou ao fim, espero que tenham gostado.
Para você que chegou agora: desça ao fim da página e comece pelo primeiro capítulo, para você que começou a ler e não terminou: continue de onde parou e divirta-se. Agora, para você que leu tudo te deixo um muito obrigado e lhe desejo sucesso. ^_^

Abraços a todos.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Capítulo XV: Caótico

Seth procurava pelos guardiões que o haviam enfrentado, mas em meio a tantas criaturas e corpos estava difícil achar alguém.
Loki havia matado três Serafins e lutava contra mais um ao lado de Caim.
Os três Arcanjos que lutavam contra a Guerra estavam com dificuldades até que receberam a ajuda de um Serafim.
- Obrigado Ezequiel. – Agradece Gabriel assim que o Serafim o salva de ser decapitado.
Ezequiel empunhava uma foice de ouro e atacava o cavaleiro com grande agilidade. Com a espada na mão direita o cavaleiro se defendia do Serafim, com o punho esquerdo atacava Ituriel.

Jasira atacava um anjo quando um chicote acertou seu olho. Morigan vinha para ajudar o anjo contra a Sucubus, mas ao tentar dar a segunda chicotada Jasira arrancou o chicote de sua mão e com uma rasteira fez Morigan se estatelar no chão. Jasira levantou o braço com o chicote quando uma mão segurou seu pulso.
Quando se virou viu Lufus segurando seu braço, olhando para ela o Incubus tirou o chicote de sua mão e jogou no chão, em seguida levantou vôo sozinho.

- Ei, aquele não é seu filho? – Diz Loki apontando para Lufus.
- É ele sim. – Observa Caim, que deixa Loki lutando sozinho enquanto olha para o Incubus voando.
Caim é um dos demônios mais antigos, entre os Incubus é o mais poderoso.
Lufus vira em direção aos cavaleiros, onde está a maioria dos demônios, ele golpeia alguns demônios enquanto sobe no ar.
- Parece que você não tem sorte com suas crias. – Diz Loki.
- Eu não vou matar mais um filho meu. – Responde Caim.
Lufus para no ar e junta suas mãos em frente ao corpo na altura da cintura, deixa as duas palmas para baixo. Uma bola azul de energia aparece sobre suas mãos e cresce cheia de estática em volta.
- É hora de dar mais atenção a família, se quiser me enfrentar não te culpo. – Diz Caim voando na direção do filho.
Loki fala sozinho depois que Caim já se foi:
- Não meu caro, eu lhe ajudarei, mas antes vou matar mais Serafins.
Loki foi em direção a Ezequiel, que ao perceber, desferiu um golpe com a foice sobre ele. O demônio segurou a foice com uma mão e de seus dedos escorreu um líquido verde que dissolveu a arma. Com uma mão Loki segurou o ombro de Ezequiel e com a outra separou sua cabeça do corpo.
Lufus lançou a bola de energia em direção aos demônios atingindo alguns, logo em seguida um Imp saltou tentando agarrar o Incubus, mas foi lançado longe por um chute de Caim.
- Por que você me ajudou? – Pergunta o filho.
- Porque sou seu pai. – Responde o pai.
Lufus ficou surpreso.
- O que?
Uma horda de demônios investiu neles e não havia meio de conversar.

Morigan pegava seu chicote no chão enquanto a Sucubus que a rendera não prestava atenção em mais nada além dos demônios que se rebelaram. Seth parou bem a frente da guardiã.
- Estava te procurando. – Diz o demônio.
Dédalos que estava perto atirou em Seth, mas não saiu tiro nenhum, sua pistola não tinha mais balas.
- Dédalos! – Joshua chamou sua atenção.
Joshua arremessou a espingarda para Dédalos, ele a pegou sem poder mirar em Seth pois agora haviam muitos demônios ao seu redor.
Dédalos foi atirando em todos eles tentando abrir caminho.

Loki se juntava agora a Caim e seu filho, o que afugentou boa parte dos demônios. Se já era difícil para eles enfrentar Caim, enfrentar Loki era loucura demais. Lufus viu Seth atacando Morigan e foi para lá. Com Loki mudando de lado, outros o seguiram e agora os demônios lutavam também entre si. O Incarna também atacava os anjos, o que provocou um tremendo caos na batalha.

Lúcifer segurava o bastão de Raphael juntamente com ele, o anjo girou e com os pés arremessou o demônio que colidiu com a Guerra, derrubando o cavaleiro.
Ituriel estrangulou o pescoço do cavalo e Bahliel estourou a cabeça do animal com o martelo. Amitiel enrolou a corrente nos braços da Guerra para que Gabriel pudesse acertá-lo com uma porretada. Com o golpe o cavaleiro tombou no chão e Gabriel pegou sua espada. Usando-a, Gabriel cortou a cabeça do cavaleiro, mais vinho jorrou e a atmosfera melhorou muito.
Agora os Arcanjos iam enfrentar a Morte que já matara todos os Querubins e um Serafim.

Lufus dá um rasante e acerta Seth. Seth cai, levanta furioso e ataca Lufus. Jasira soca o rosto de Seth e Lufus o empurra com um chute. Lufus olha um instante para Jasira. Ele é o único demônio que ela realmente conhece e é amigo dela, ela ficaria do lado dele com certeza.
Seth acerta o peito de Lufus com o ombro, o Incubus cai.
- Vocês acham mesmo que podem me derrotar. – Seth estava furioso.
Jasira o agarra pelas costas e Morigan enrola o chicote nas pernas dele. Lufus crava as garras no pescoço do Lorde atravessando sua garganta e matando-o.

O chão começa a tremer violentamente. Lufus olha em volta e percebe o que ocorreu. O último cavaleiro foi morto. O Incubus viu claramente o cavaleiro no chão com uma espada enfiada no olho e um bastão empalando seu corpo, uma quantidade absurda de vinho era jorrado e sujava os anjos que estavam em volta. Os Arcanjos agora voltavam sua atenção para os corpos de Ituriel e Uriel que foram mortos pelo cavaleiro.
O céu estava abrindo, em meio ao terremoto todos os demônios se recolhiam apressadamente para as Trevas. Com a morte dos quatro cavaleiros, o Apocalipse se encerrou.
Lufus continuava no mesmo local. A incômoda luz do sol o envolvia, ele pôs sua mão em frente à testa e baixou os olhos, o calor causado pela luz era agonizante.
Caim chega ao lado do filho e fita-o. Lufus até sabia que tinha uma família, entretanto para ele era indiferente, viveu até agora sem saber de quem veio e já não se importava com isso. Olhou para o pai e não sentiu nada.
- Uma parte dos humanos acredita que a família é uma das coisas mais importante na vida. – Disse Caim.
Lufus se mantém calado olhando-o.
- Apesar de não ser um pensamento comum entre nós, eles podem estar certos. – Dito isso, Caim afunda na terra e some.
Uma mão cai sobre o ombro de Lufus.
- Vamos embora. – Lhe fala Jasira.
Lufus não sabia o que aconteceria quando chegassem às Trevas, os demônios estavam lutando entre si agora, quem sabe ele seja o culpado de uma guerra entre demônios que talvez dure muito tempo.
Antes de partir o Incubus olhou para Morigan, ela também o olhava, ele não conseguia distinguir a expressão no rosto dela. Dessa vez não se importou, pois não distinguia nem o que ele próprio pensava naquele momento.
Ele e Jasira partiram do mesmo modo que Caim.

Ao chegarem nas Trevas Lufus reparou que estava tudo normal, não havia guerra, nem mesmo os demônios estavam agrupados. Eles pareciam não se importar mais com o que aconteceu e todos seguiam com suas vidas.

***

Os anjos se despediram dos guardiões e voltavam para o céu. A cidade estava destruída, muitos demônios, anjos e humanos morreram neste dia. Agora todos os humanos sabem da existência não só dos demônios como sabem da existência dos anjos, coisa que nem mesmo os guardiões sabiam. O Apocalipse citado na bíblia ocorreu, porém não acabou no fim.


FIM

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Capítulo XIV: Livre Arbítrio

Lufus se encontrava sozinho nas Trevas enquanto todos os outros demônios estavam no mundo dos humanos. Não queria subir, pensava consigo mesmo sobre o que faria. Uma sombra negra aparece em frente ao Incubus, era só uma silhueta como se a pele da criatura fosse feita de sombra.
- O que é você? – Pergunta Lufus.

***

Aquela parte da Terra era agora um grande campo de batalha. A cada instante um demônio ou anjo morria. Os anjos que vieram seguindo os cavaleiros trouxeram humanos consigo, eram guardiões. Todos usavam armas de fogo, em sua maioria pistolas ou fuzis. Eles eram bem corajosos, para não dizer loucos.

Michael e Raphael lutavam contra um anjo caído, desferiam golpes contra ele freneticamente.
- É assim que vocês tratam os amigos? – Diz Lúcifer.
Lúcifer é um demônio conhecido e temido por anjos e humanos. Ele é extremamente poderoso e há centenas de lendas sobre ele. O demônio já foi anjo um dia, e muitos anjos ali presentes conviveram com ele naquela época.
- Lhe damos o tratamento que você merece! – Diz Michael tentando dar uma estocada sem sucesso.

Havia um demônio que não lutava, permanecia parado observando, quando um anjo tentava ataca-lo ele o pulverizava com um movimento leve.
- Está procurando algo? – Diz um Incubus.
- Ora Caim, sabe que eu procuro diversão. – Disse o demônio sorrindo.
O demônio era Loki, um Incarna, a mais poderosa raça de demônios. Loki é o demônio mais respeitado e temido pelas Trevas. Ele tem um poder surpreendente, provavelmente maior que dos cavaleiros.
Loki observava os anjos à procura de adversário, olhava com grande interesse os Arcanjos.

Os Arcanjos estavam em batalhas intensas. Gabriel, Ituriel e Bahliel enfrentavam a Guerra, enquanto Uriel e Amitiel brigavam contra a Peste. A Morte estava sendo atacada por vários anjos e os dois Querubins, apesar do grande número de adversários, ela parecia não ter dificuldades.

Uma luz forte tomou conta das nuvens, 9 anjos desceram.
- Serafins! – Exclamou Raphael.
Os Serafins eram anjos majestosos. Tinham seis asas, três de cada lado. A aura de um Serafim era mais luminosa que a dos Arcanjos e sua auréola era uma bola luminosa.
Loki sorria enquanto os anjos desciam vagarosamente.
- Então eles vieram. – Disse o Incarna.
- Eles só viriam se achassem que a humanidade merecia. – Lembrou Caim.
- Pelo visto a humanidade ainda não está perdida. – Dizia Loki se divertindo.
Subitamente os 9 Serafins investiram contra a Peste. O cavaleiro não teve reflexo suficiente para aparar tantos golpes e foi esquartejado.
Nesse momento Loki investiu contra eles e vários demônios fizeram o mesmo.
***

- Sou um Incarna. – Disse a sombra para Lufus.
- E quem é você? – Perguntou o Incubus.
- Sou o senhor das Trevas.
- Você é o Satanás?
- Esse é um dos nomes que os humanos deram para o Lúcifer, ele que é conhecido como diabo, dono do inferno.
Lufus estava confuso.
- Eu não sou conhecido por quase nenhum humano, demônio ou anjo. Minha existência é uma incógnita.
- Você veio me punir? – Pergunta Lufus com uma pontada de medo.
- Pelo que?
- Por não estar lá em cima.
- Ora, se nem eu vou até lá, porque você teria de ir?
- E porque você não vai?
- Já fiz minha parte, o apocalipse.
- Você fez isso? – Lufus estava surpreso agora.
- Sim, prometi que faria anos atrás e essa seria uma promessa que eu cumpriria mais cedo ou mais tarde.
- Para falar a verdade eu não quero que o mundo acabe, gosto de lá. – Lufus se sentia cada vez mais a vontade em falar com a sombra.
- Nem eu quero que acabe, mas quem decide agora são vocês demônios. Se quiserem destruir tudo ou não, está na mão de todos vocês. Há ainda a chance dos humanos e anjos impedirem, foi por isso que avisei a eles também que um dia isto aconteceria.
- Não sei o que fazer. – Lamenta Lufus.
- Não venha choramingar, faça o que quiser.
- Eu deveria querer destruir tudo, sou um demônio.
- Um demônio não precisa ser necessariamente mal meu jovem, assim como um anjo não precisa ser bom. É só a natureza das raças, ninguém precisa segui-la, cada um é diferente. – Explica o Incarna.
Lufus olha para o campo de batalha acima e reflete um pouco. Quando olha novamente para sombra percebe um sorriso em meio à escuridão da face, em seguida a sombra some instantaneamente.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Capítulo XIII: Cavaleiros

Os anjos eram realmente seres iluminados, literalmente. Todos tinham uma aura de luz em seus corpos, essa aura era bem maior nos Arcanjos do que nos outros anjos.
Haviam dois Arcanjos no local onde Lufus e Jasira estavam. Lufus viu Seth e uma Besta lutando contra um deles, o outro exterminava milhares de Imps gigantes com uma lança.
Jasira levou uma flechada de raspão, agarrou um anjo e o arremessou, ele colidiu com o anjo que a tinha acertado. Lufus agilmente derrubou dois anjos e cravou as garras no peito de um terceiro. O demônio voou em encontro a mais dois quando foi agarrado por alguém. Um anjo abraçou-o, ele cobria Lufus com suas asas, a luz que vinha da aura quase cegava o Incubus a essa proximidade. Lufus rodopiava em espiral tentando se livrar do anjo, conseguia girar cada vez mais rápido, os dois voavam rapidamente e estavam acima de todos os outros. Fazendo uma força absurda Lufus abre os braços e se livra do abraço, ele vira de cabeça para baixo e empurra o anjo, vira novamente e pega os braços do adversário com suas mãos, o demônio coloca ambos os pés sobre o peito do adversário e os dois começam a descer rapidamente. Atingem uma grande velocidade enquanto vão em direção ao solo. Quando o anjo atinge o chão com o Incubus em pé sobre ele uma cratera é aberta abaixo deles devido ao impacto.
Lufus sai de cima do anjo e se transmuta nele. Assim pega dois anjos por trás e crava suas garras nas costas deles, era facilmente reconhecido pois não tinha a aura de um anjo, mas naquela caótica batalha conseguiria pegar vários anjos de guarda baixa sem dar tempo a eles.
Mais anjos descem para a batalha e muito mais demônios se agrupam. Jasira passa pelo Incubus e nocauteia um deles com apenas um chute.
- Estamos só aquecendo. – Ela diz sorrindo para Lufus.
- De fato. – Ele responde.

***

O Arcanjo Uriel estava voando logo acima de Dédalos, ele pulverizava vários demônios como se fossem formigas, com uma facilidade impressionante. Dédalos nunca pensou que veria anjos e agora via um Arcanjo que ainda por cima falava diretamente com ele. Os anjos pareciam muito com humanos e se não fosse pela aura, pelas asas e pela auréola seriam facilmente confundidos. A auréola dos anjos era como um anel dourado que pairava sobre suas cabeças, já os Arcanjos tinham um disco branco luminoso ao invés do anel. Os anjos eram muito bonitos, mas por suas feições não indicavam se eram homens ou mulheres, as vozes que emitiam tinham vários timbres como se mais de uma pessoa falasse ao mesmo tempo, eram vozes tanto masculinas quanto femininas. Dédalos via todos eles como homens graças ao peitoral, a ausência de seios fazia com que eles fossem vistos como do sexo masculino pela maioria das pessoas. Eles usavam roupas comuns para a surpresa de qualquer um, como se tivessem comprado suas roupas em uma loja comum do mundo humano. Uriel trajava uma camiseta azul e bermudas, carregava uma enorme lança que manejava facilmente, como se ela fosse leve como um palito de madeira. Já Bahliel empunhava um grande e pesado martelo que até para ele parecia pesado, ele vinha lutando contra um forte demônio e uma Besta ao mesmo tempo, entre uma série de golpes e outra ele parecia mais lento. Bahliel vestia uma camisa pólo e uma calça jeans rasgada no joelho. Os outros anjos em sua maioria usavam arcos ou uma espécie de arpão com ponta nos dois lados do cabo.
Joshua estava boquiaberto com a presença dos anjos que mal prestava atenção nos demônios, ele nunca imaginara os anjos daquela forma, imaginava bebês gordinhos envoltos em um pano, com asinhas minúsculas e um sorriso cativante. Mas o que via era guerreiros, ainda assim dava uma sensação boa olha-los, trazia uma sensação de bondade e a presença deles inspirava confiança.

Dédalos olhava para o horizonte e percebeu que a atmosfera ali estava diferente, estava tudo mais escuro e com um tom avermelhado, aquela atmosfera se movia na direção dele.
- O que é aquilo. – Ele perguntou ao Arcanjo.
- Um dos cavaleiros do apocalipse. – Respondeu Uriel.
Morigan que estava enforcando um perdido ali perto exclamou:
- O quê?
- Existem quatro cavaleiros do apocalipse, são demônios poderosos que se preparavam para o dia de hoje para trazer o terror, o caos e a discórdia para cá. – Respondeu calmamente Uriel.
- Não acredito que eles sejam reais. – Diz a guardiã.
- Pois eles são, e neste momento há um deles em cada canto do mundo, e nós estamos no Oeste com um deles. – As vozes do Arcanjo já não pareceram tão calmas agora.
- Então lascou! – Gritou Joshua enquanto levava um coice de um Imp.
Enquanto eles conversavam a atmosfera chegava cada vez mais perto e os guardiões agora já conseguiam ver o cavaleiro. Ele vinha montado em um cavalo preto que trotava pelo ar, chegava cada vez mais perto em grande velocidade enquanto batalhava com anjos e destruía tudo por onde passava. O cavaleiro tinha o aspecto de alguém que não tinha carne, parecia que sua pele estava diretamente junta a seus ossos, ele usava uma manta cinza e carregava uma balança, objeto que ele usava como arma. De um dos pratos da balança saía um gás negro que corroia tudo que tocava, incluindo as pessoas correndo apavoradas abaixo dele. Entre os dois pratos a balança formava uma ponta afiada.
- Este é a Fome. – Disse Uriel enquanto os guardiões ainda observavam o cavaleiro.
Um Querubim vinha lutando contra o cavaleiro, a forma de um Querubim era uma mistura de homem com animal, este tinha a forma de um touro humanóide.
- Preparem-se, precisamos separar ele do cavalo. Ele não consegue voar por conta própria e o cavalo é imortal enquanto estiver com ele. – Dito isso o Arcanjo voou em direção ao cavaleiro.
- Ele espera que nós façamos o quê? – Pergunta Dédalos aos outros.
O Querubim acerta um soco no peito do cavaleiro e dá uma chifrada no prato que finalmente se quebra, o gás cessa no momento que Uriel chega atacando o cavalo. A Fome, com um tapa, arremessa o Querubim longe, gira de lado com o cavalo e chuta o ombro de Uriel que cai no chão.
Metade do corpo de uma Besta cai ao lado dos guardiões.
- Segurem esse cara, eu preciso ajudar lá. – Bahliel voa as pressas em direção ao cavaleiro deixando o demônio que ele enfrentava para trás.
- Volte aqui! – Gritou Seth, o demônio.
Seth já ia atrás do Arcanjo quando Joshua acertou três tiros no peito dele.
- Argh! Humanos idiotas. – Reclamou o demônio ao cair no chão.
Seth soltou um raio de luz negra na direção do guardião que o atacara, quando começou a voar novamente Morigan prendeu o pé dele com o chicote e o puxou de volta ao chão.
- Vocês acham que estão enfrentando qualquer um! – Seth se enfureceu.
Com um movimento rápido ele apontou a mão direita para Morigan que ficou instantaneamente paralisada, tentou sem sucesso se mover e começou a levitar a medida que o demônio levantava o braço. Seth começou a voar e Morigan foi seguindo ele contra sua vontade.

***

Os demônios estavam com dificuldade em enfrentar os anjos, enquanto Lufus e Jasira os derrotavam facilmente.
O Incubus viu Seth e reconheceu a mulher que o Lorde estava enfrentando. Era a mulher que ele encontrara na outra noite e não conseguiu reagir. Agora via ela ali prestes a ser morta por Seth e ficou completamente perturbado, não conseguia pensar direito, estava congelado olhando a cena.
Um anjo veio por trás de Seth e atravessou o arpão por suas costas, o demônio sentiu, mas continuou no ar com a guardiã. Dédalos corria para baixo dela enquanto Joshua tentava sorrateiramente chegar mais perto do Lorde. Seth fez um aceno com a mão esquerda e uma estaca gigante de pedra saiu do chão empalando o anjo atrás dele em segundos.
Joshua saltou e atirou onde o arpão estava encravado no demônio, Seth urrou e perdeu o controle sobre o poder aplicado em Morigan, fazendo-a cair.
Lufus apontou a mão para Morigan enquanto ela caía e amorteceu a queda usando de telecinésia, poder que até então ele não sabia possuir. O Incubus olhou para Jasira e percebeu que ela não viu nada, continuava ocupada matando anjos.

***

Dédalos não conseguiu segurar Morigan, entretanto ela caiu suavemente. Surpreso ele pergunta:
- O que houve?
- Não sei. – Ela responde.
Mais três anjos atacam Seth que se defende sem dificuldades.
A lança de Uriel passa voando pelos guardiões, o cavaleiro a jogou longe com um simples tapa. Os três seres celestiais ainda enfrentavam ferozmente o cavaleiro do apocalipse.
O cavalo negro mordeu o peito do Querubim prendendo-o, a Fome ficou em pé sobre o cavalo e tentou encravar a ponta da balança na cabeça do Querubim que se defendeu com as mãos, o prato restante balançou como um pendulo e acertou a cara do touro, no instante em que se tocaram o prato explodiu levando a cabeça do anjo junto.
- Não!!! – Exclamou Bahliel que investiu ferozmente contra o cavaleiro.
A Fome deu um tapa com as costas da mão que lançou o martelo do Arcanjo para cima, mas foi surpreendida por um chute que ele desferiu em seu queixo. Uriel pegou o martelo de Bahliel ainda no ar e desferiu um golpe esmagador no crânio do cavaleiro, Bahliel abraçou o cavalo e o cavaleiro caiu no chão. O equino negro se livrou do Arcanjo com uma patada. Bahliel esticou o braço e recebeu seu martelo de volta das mãos de Uriel que voou em direção ao cavalo e segurou suas orelhas. Das mãos de Uriel foram conjuradas duas labaredas de fogo que se alastraram por todo o corpo do cavalo carbonizando-o. Bahliel desferia vários golpes com seu martelo no cavaleiro que estava tonto.
Enquanto isso, Joshua havia corrido para pegar a lança de Uriel e com dificuldade tentava arremessá-la para seu dono, quando finalmente conseguiu a lança pousou sobre o pé do Arcanjo que a empunhou e partiu para a batalha.
Bahliel acertou a barriga do cavaleiro que se curvou, Uriel encravou a lança em seu ombro que atravessou o cavaleiro até se firmar no chão, Bahliel descreveu um arco de baixo para cima com seu martelo e acertou a cabeça da Fome arrancando-a do resto. Do corpo do cavaleiro jorrou vinho e a atmosfera que ele trouxera agora se dissipava.
Todos os demônios fugiram, atravessaram o chão como se não houvesse chão. Até mesmo Seth que voltara sua atenção novamente aos guardiões fugiu.
Os anjos desceram e se agruparam no local onde os guardiões se encontravam.
- Vencemos? – Pergunta Dédalos.
- Ainda não acabou, se um cavaleiro do apocalipse fosse morto, todos os demônios deveriam se agrupar no local para eliminar a ameaça. – Respondeu Uriel.
- Agora sim lascou! – Diz Joshua.

***

Lufus agora estava nas Trevas com uma infinidade de demônios, cada vez mais outros se juntavam ao grupo ali presente e ao Incubus com o pensamento longínquo. Antes de descer tinha visto a destruição que ia acontecendo naquele dia, ao final do Apocalipse com certeza não sobraria pedra sobre pedra naquele mundo que ele mal conhecia. Ele se perguntava como seria o mundo depois que as cidades forem derrubadas e os humanos forem extintos. E foi preso nesses pensamentos que ele nem ligou quando todos os demônios voltaram a se agitar e começaram a subir novamente.

***

Aquela atmosfera terrível voltava por todos os lados exceto aquele do qual a Fome veio. Era possível ver exércitos de demônios chegando e havia anjos seguindo essas tropas. Já começavam a surgir do chão vários demônios. A tensão no ar era imensa.
Os anjos passaram pelos demônios e se juntaram ao aglomerado que ali esperava. Mais dois querubins se juntaram ao grupo, um era metade leão metade homem e o outro tinha cabeça e asas de águia. Cinco Arcanjos chegaram e se puseram ao lado dos dois já presentes: Michael que empunhava uma espada em cada mão, Gabriel armado com um grande porrete, Raphael carregando um bastão, Ituriel que não usava armas e Amitiel com uma corrente enrolada no braço. Os sete Arcanjos estavam sérios encarando onde agora se juntavam os três cavaleiros do Apocalipse.
Eles estavam lá, se destacando dentre tantos demônios, os cavaleiros do Apocalipse: O mais imponente de todos era o que estava mais próximo, sob um cavalo vermelho estava a Guerra, usava uma armadura preta que cobria todo seu corpo e erguia sua enorme espada a frente de seu corpo. Em um cavalo com pele esverdeada, semelhante à cor de um cadáver em decomposição, vinha a Morte. Ela usava um capuz que escondia seu rosto e carregava um tridente. Por último vinha a Peste, em seu cavalo branco, usava um arco e uma coroa, ela se vestia com um manto preto e uma capa vermelha.
Michael foi o primeiro a se mexer, investiu em direção aos cavaleiros e foi seguido pelo resto, a guerra então estourou.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Capítulo XII: Apocalipse

Dédalos estava na faculdade quando tudo começou. As trovoadas deixaram todos assustados de início, parecia que o mundo estava acabando lá fora, mas logo a aula foi retomada. Porém Dédalos estava mais nervoso que os outros, com razão.
Um demônio arromba a porta da sala, entra seguido de três Imps grandes. As pessoas horrorizadas começam a gritar, todos levantam e recuam. Dédalos reconheceu o demônio como um Guéo, são demônios normalmente fracos, entretanto com habilidades peculiares que os fazem temidos. O Guéo pegou a cara de um aluno e empurrando sua cabeça para trás o curvou, foi impedido por Dédalos que o acertou com uma cadeira.
Um Imp saltou em direção ao guardião, este desviou e agarrou o pescoço do Imp, saltou por cima dele e entortou seu pescoço até conseguir arrancar sua cabeça.
- Parece que temos um garoto diferente aqui. – Disse o Guéo.
- Você não sabe o quanto! – Reponde o garoto.
- Veremos. – O Guéo se aproxima.
Dédalos desfere uma voadora nele, mas o demônio se enterra no chão escapando. Um Imp acerta Dédalos por trás que rola e com uma rasteira derruba o agressor, pega o braço do demônio e o puxa para cima ao mesmo tempo em que acerta uma cotovelada no peito dele. Usando as costas como alavanca arremessa o Imp em direção ao outro derrubando os dois.
O Guéo surge do chão atacando o guardião, mas só acerta sua perna. Com reflexos rápidos, Dédalos desvia com um salto mortal, aterrissa errado e se recupera. O demônio volta a atacá-lo e ele esquiva novamente, é agarrado por um dos Imps enquanto o outro salta para cima deles. O guardião se apóia no demônio que o segura e pula ficando acima dele de cabeça para baixo, os Imps se colidem e Dédalos escapa, em seguida investe contra eles que são arremessados pela janela. O Guéo usa seus poderes e uma estaca de pedra sai do chão, o demônio ataca o humano. Dédalos coloca uma mão no chão para dar apoio e desfere um chute na cara do inimigo, em seguida recua e salta pra cima dele. Dédalos pega a cabeça do demônio e atravessa o crânio dele na estaca.
Naquele momento as pessoas que não haviam corrido para fora da sala permaneciam estupefatas no canto da sala. Dédalos correu para fora e viu uma vastidão de demônios por todos os lados do lugar, estavam destruindo tudo e perseguindo as pessoas. Ele ouviu tiros e seguiu o som, Joshua estava lá atacando os demônios. Dédalos corre até ele.
- Pega!
Joshua joga a pistola de Dédalos para ele.
- O que está havendo? – Pergunta Dédalos começando a atirar nos demônios.
- Eu sei lá, temos que achar a Morigan. – Joshua começava a recuar.
Dédalos o seguiu.

As ruas estavam um caos, havia uma fumaça tampando o céu e o Sol. Alguns prédios e casas estavam danificados, outros destruídos. Haviam postes derrubados, carros estraçalhados e fogo por toda parte. Os demônios não paravam de surgir, brotavam do chão aos montes.
Joshua começou a atirar e Dédalos voltou sua atenção ao que interessava, Morigan estava perto deles distribuindo chicotadas entre os demônios e agora Joshua a ajudava.
Dédalos começou a descarregar sua pistola nos demônios até que chegou a ela.
- Parece que os demônios resolveram fazer uma festa por aqui. – Disse Morigan.
- E é nosso dever avisá-los que a essa hora é proibido. – Responde Joshua.
Um rugido interrompeu-os, um demônio gigante apareceu, era horripilante e a cada passo o chão tremia tanto que poderia ceder a qualquer momento. A Besta ia em direção aos guardiões.
- Que coisa é essa? – Pergunta Joshua.
- Acho que isso é uma Besta. – Disse Dédalos.
- Já eu acho que é uma droga. – Diz Joshua.
- Vocês dois! Parem de conversa e atirem logo! – Diz Morigan.
Os dois começaram a atirar, mas com uma velocidade impressionante para uma criatura daquele tamanho ele se abaixou e em seguida atacou-os. Foi um soco que quase os acertou, ambos rolaram rápido para os lados e Morigan saltou para trás, o soco atingiu o chão que se rachou e abriu. Morigan correu pelo lado do demônio e deu uma chicotada em sua barriga, a Besta cuspiu uma bola de fogo nela que a feriu levemente quando a guardiã se jogou pra frente. Joshua atirou no demônio e acertou dois tiros no braço e um na coxa. A Besta voou e encarou-o, desceu num rasante e foi distraído por Dédalos que acertou um tiro em seu rosto. Joshua esquivou, tirou a espingarda calibre 12 da alça e deitou no chão, quando o monstro passou atirou com ela em seu pescoço que estilhaçou. A Besta caiu no chão.
Dédalos atirou nas costas dele enquanto estava caído, Joshua se levantou, pegou seus revólveres e atirou também, o demônio recuperou-se e virou para eles.
- É por isso que eu odeio guardiões.
- Então estamos quites, pois odeio demônios. – Diz Joshua voltando a atirar.
O demônio consegue se desviar dos tiros, ele transmuta o chão abaixo de Joshua em lama. Morigan corre para ajudá-lo enquanto Dédalos parte para atacar a Besta. O monstro cospe uma bola de fogo em Dédalos só para tirá-lo do caminho enquanto se dirige a Joshua. Este tenta desesperadamente sair da lama com a ajuda de Morigan.
Morigan pega um dos revólveres de Joshua e atira na Besta, ela atira no rosto e o demônio se protege com a mão que agora tem os dedos estilhaçados com o tiro de perto. Nervosa, a Besta desfere um murro em Morigan e acaba acertando só lama. Joshua que já estava na beirada do lamaçal assovia bem próximo ao demônio.
- Diga Argh! – Diz Joshua assim que a Besta se vira para ele.
Ele estava bem perto do rosto do monstro apontando a espingarda, atira no olho do demônio explodindo parte da cabeça dele.
- Bom trabalho. – Morigan diz aliviada.
- Pessoal acho que esse foi o menor dos nossos problemas. – Dédalos apontava para uma explosão que arrasou metade do quarteirão abaixo deles.
O demônio que a causou estava agora vindo na direção dos guardiões. Outros demônios
gigantes apareciam, surgiam em massa do chão.
O causador da explosão agora os contemplava e esticou a mão direita com a palma aberta apontando para eles. Uma bola de energia amarela aparecia em frente à mão dele e produzia estalos semelhantes aos de faíscas.
- Corram! – Gritou Dédalos.
Antes que pudessem pensar um raio de luz atingiu o demônio derrubando-o no chão.
- Anjos!
Eles olham para cima e vêem anjos atravessando as nuvens e descendo para a batalha, um Arcanjo com um martelo na mão disparou o raio e agora voava em direção ao demônio.
- Viemos ajudar. – Diz Uriel, um Arcanjo.
Bahliel, o outro Arcanjo presente no local travava uma luta com um demônio Lorde. O Arcanjo empunhado de um martelo deferia golpes sucessivos no demônio que tentava acertá-lo com suas garras.
Vários anjos mais fracos atacavam uma infinidade de demônios. Os demônios estavam em número muito superior e levavam vantagem.
- O que está acontecendo? – Pergunta Dédalos ao Arcanjo.
- O Apocalipse chegou.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Capítulo XI: Trovoadas

Lufus ainda pensava no que acontecera enquanto estava entre os humanos, não percebeu que algo nas trevas estava diferente.
Jasira se aproxima dele.
- O que está acontecendo? – Pergunta.
- Com quem? – Ele responde sem olhá-la.
- Com todos.
- Hã?
- Olhe a sua volta, tem algo errado.
Lufus observa.
- Está mais cheio.
- Mais que isso, você não se sente inquieto? – Jasira parecia ansiosa.
- Estou, mas tenho um motivo.
- Qual?
Houve uma trovoada, uma trovoada contínua, o som era semelhante ao de algum instrumento metálico de sopro.
Todos, inclusive Lufus e Jasira ficaram paralisados.
- Mas que diabos, como pode haver trovões aqui? – Lufus perguntou.
- Acho que isso veio do outro plano.
- E ouviríamos daqui? – Ele diz incrédulo.
Escutou-se então um som de explosões e fogo, uma saraivada torrencial de fogo.
- Concordo, parece vir de lá. – Ele ficou confuso.
Houve outra trovoada, ainda mais longa. Um instante depois se ouviu um estrondo seguido de um barulho ensurdecedor de água fervendo.
Lufus agora entende o que Jasira queria dizer com inquietação, ele estava muito inquieto.
Foi um intervalo maior agora, porém antes que todos se acalmassem veio outra trovoada. Com vários sons semelhantes ao anterior, desta vez menores e em vários pontos distintos.
Jasira olha ao redor e todos os demônios parecem dopados e muito ansiosos.
Uma quarta trovoada surge, com uma rítmica diferente das anteriores, o som que vem a seguir é muito baixo e difícil de distinguir. O ambiente escurece.
E outra trovoada veio. Após um estampido a névoa que paira nas Trevas ficou bem mais densa.
Silêncio total nas Trevas, ninguém move um músculo sequer. Não há som algum e todos esperam por mais, todos pensam que haverá mais.
- Parece o roteiro de alguma profecia. – Fala Lufus após um longo tempo.
- Uma que eu conheço. – Reflete Jasira.
- Me é familiar também.
Após ambos quebrarem o silêncio alguns demônios começam a gritar, outros a rosnar, logo tudo se torna um inferno sonoro.
- Uma loucura coletiva? – Diz Jasira.
- Não, simplesmente caos.
Enfim veio a trovoada que os aquietou, tinha um tom de agonia e se dissipou num silvo.
A mais alta névoa das Trevas, aquela que pairava sob as cabeças dos demônios tomou o tom de sangue. Todas as criaturas estavam agora voltadas para cima.
Não demorou muito para que todos ficassem agitados, era um sentimento contagiante, não havia criatura que não estivesse a ponto de entrar em chamas.
- Meu corpo está pulsando! – Esbraveja Lufus.
Um gigantesco terremoto toma conta das Trevas, os demônios mal o percebem devido à agitação.
Então houve a trovoada, mais forte que todas as outras, a mais longa de todas, penetrou na mente de todos e voltou à atenção deles a um só lugar. O alto.
A névoa acima se abria e o que surgia era a imagem do outro plano, o mundo dos humanos, visto do chão. Havia uma fumaça tampando o céu e mal se podia ver o Sol, havia caos por lá, fogo, destroços, pessoas correndo, alguns demônios atacando, gritos e sangue.
Os demônios começam a voar em massa para lá.
- Vamos. – Jasira puxa o Incubus pelo braço.
Lufus olha para baixo enquanto voa e vê milhões de demônios voando com ele, outros milhares que não podem voar dirigem-se para os portais.
Ele atravessa para o mundo dos humanos e encontra uma guerra. Mais e mais demônios surgem atravessando o chão.
É o apocalipse.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Capítulo X: Encontro

- Está mais calmo por aqui.
- Chegamos mais tarde hoje. – Disse Lufus.
Ele e Jasira atravessaram o portal e agora estavam na terra dos humanos. Usaram o mesmo portal que entraram na última vez e saíram no mesmo beco.
- Espero que esteja fácil encontrar pessoas. – Jasira se dirigia ao fim do beco.
- Podemos invadir alguma casa. – Sugere Lufus.
- Porque eu não pensei nisso?
Passavam alguns carros pela rua em frente, não havia ninguém andando.
- Vou voar e procurar alguém, ou parar um carro. – Jasira deu as costas para ele.
- Logo alguém aparece.
Ela levantou vôo e saiu.

- Cara!
Lufus já chegara à calçada quando se virou. Havia um demônio saindo do portal no beco.
- Quem é você? – Lufus diz se aproximando.
O demônio era um Litel, raça de demônios humanóides semelhantes aos répteis.
- Sou Telpir, uma boa parte dessa região é minha. – Agora haviam dois pequenos Imps ao seu lado.
- Essa história outra vez. – Lufus contraiu suas mãos, as garras preparadas.
- Calma, eu soube do seu problema com a gárgula, eu vou lhe ajudar.
- Vai?
- Você pode consumir as almas daqui, é só me dar uma pequena parcela delas.
- E se eu recusar?
- Nesse caso terá de procurar outras bandas.
- Sinto muito, vou recusar sua proposta.
- Arrogante como todos da sua laia.
Lufus sente uma força jogando-o no chão e o mantendo pressionado contra a calçada.
- Mas o que... – Lufus tentava levantar sem sucesso.
Telpir vê os olhos do Incubus ficarem vermelhos. Consegue, sem muito esforço, manter Lufus no chão com telecinésia. Agora surgem mais Incubus, três novos demônios idênticos ao que está no chão se aproximam do réptil.
- Não importa quantos venham. – Telpir usa sua telecinésia para arremessar os outros demônios para longe.
Estes somem, o primeiro Incubus estava agora segurando a garganta do Litel.
- Quem é o arrogante agora? – Lufus tinha um sorriso trêmulo no rosto.
- Maldito! Era uma ilusão. – Pragueja o réptil.
Lufus joga o demônio na parede do portal e o Litel o atravessa.
Os dois Imps rosnam para Lufus e seguem Telpir.
Lufus vai embora.

***

Enquanto Jasira voa, percebe um homem na janela de seu apartamento olhando-a. Ela muda de direção e vai até ele.
O homem se afasta para que Jasira entre, não parecia impressionado. Jasira sente algo familiar.
- Você é um demônio. – Afirma ela.
Ele não diz nada.
- Está metamorfoseado ou é um Incubus?
- Sou um Perdido.
- Ah, um humano transformado. Vejo que ainda vive como um humano.
- Eu continuo levando minha vida do mesmo jeito, só que tenho de prestar contas ao demônio que me transformou.
- Ele te ameaça? – Ela acha graça.
- Não, mas tenho que negociar para ele me dar almas, não consigo tirar diretamente de humanos, geralmente levo pessoas até ele e consigo uma parte da alma delas.
- Parece-me um bom negócio.
- Para os que transformam humanos pode ser.
- Você devia agradecer, agora você tem vida eterna.
- E terei que lidar para sempre com os demônios que comandam a cidade.
- Sei pouco sobre isso.
- Vários demônios dividiram a cidade entre si, assim eles se apossam de parte das almas que os outros demônios consomem. Fazem isso para tirar vantagem dos mais fracos e dos novatos. Como você provavelmente é.
- Um amigo meu já foi atacado por uma Gárgula, deve ser um deles.
- Amigo? Tem amigos? É melhor não confiar nele. – O homem olhava para ela com certa curiosidade. - Demônios não são confiáveis, você deveria saber, já que também não é.
- Você é um demônio agora, então também não é confiável?
- Eu não disse que era.
- É. Não disse.

***

Lufus andava pela rua, haviam muitos carros e poucas pessoas. Os bares estavam abertos. Era provavelmente em um deles que o Incubus buscaria alguém. Não estava precisando de almas, hoje iria atrás porque gostava. Ele até gostava do mundo dos humanos, mas o que faria ali além de caçar almas?
Antes que pudesse pensar em alguma coisa viu uma mulher que o fitava, era uma mulher muito bonita e jovem, de certa forma o fascinara. Parecia simples, usava uma blusa branca comum, uma maquiagem bem leve nos olhos e usava um batom quase da cor de sua boca.
A moça veio em sua direção, parecia que era ela quem iria seduzi-lo, não o contrário.
- Procurando alguém? – Ela tinha um tom seco.
- Procurando companhia. – Ele respondeu
- Esta hora? Na rua?
- Estou na calçada.
- Não me diga!
Ele parecia não raciocinar muito bem, percebeu que ela era um demônio e estava fazendo bem mais que só seduzi-lo. Ela era poderosa.
- O que foi? – Ela pergunta.
- Não é todo dia que vejo alguém assim.
- E o que acha que sou? – Ela pareceu não gostar do comentário.
- Eu não sei, sou todo ouvidos.
Ela pareceu indecisa por um momento e já estava olhando-o de uma forma diferente. Ele sentiu um arrepio com isso.
- O que está havendo aqui? – Ela começava a ficar confusa, Lufus mais ainda.
- Podemos começar nos apresentando. – Ele se aproxima.
- Fique longe de mim demônio!
- Hã?
Ela indicou com a cabeça para suas asas.
- Você pode vê-las? – Lufus percebeu que ela era humana. Estranha, mas ainda assim humana.
- É claro, não sou cega!
Lufus não havia escondido as asas, todavia seu poder de manipulação fazia com que qualquer um não percebesse.
- Calma, não vou te machucar. – Isso soou estranho até mesmo para ele.
Ela aquietou-se e fitou-o com uma expressão estranha. Ela entrava numa espécie de luta contra si mesma.
- Acredite. – Ele pôs delicadamente a mão em seu braço.
- Não toque em mim! – Ela tirou a mão dele e se afastou. Pegou um chicote que num estalo se desenrolou.
- Mas o que...
Ela levantou o braço ameaçando atacar.
- Espere! – Pediu ele.
Ela hesitou.
- Não temos porque brigar.
- Claro que temos, você é um demônio.
- E que culpa eu tenho?
- Vai me dizer que queria ser humano? – Morigan zombava dele para disfarçar o nervosismo.
- Não, mas não estou te atacando só por você ser humana. E olha que me alimento de almas.
- Boa defesa.
- Estou sendo sincero. – Não era a palavra que ele queria usar.
- Ah!
Ela ainda estava com o braço levantado.
- Vá embora. – Gritou
- Mas...
- VÁ! – Ela repetiu.
Ele voou e se afastou devagar, olhando para ela.
Morigan só relaxou quando ele sumiu. Relaxou só o corpo, pois sua mente não sossegaria tão cedo.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Capítulo IX: Chapéus e Sombras

Joshua estava parado em frente a uma loja de música observando os instrumentos.
- Parecem bons. – Diz um homem.
Ao se virar Joshua se depara com Cian.
- E caros. – Responde Joshua.
- Pra que se preocupar com dinheiro? – Cian agora olhava para a vitrine.
- Dinheiro não cai do céu. – Joshua fitava-o enquanto Cian nem movia os olhos.
- Nada cai. – Retruca Cian.
- Cai sim, e vai cair água ainda hoje, olhe o tempo.
Cian riu e voltou a olhar para Joshua.
- Suas piadinhas melhoraram.
- Descobri que posso ser mais light.
- Quem sabe você não amadurece um dia.
- Você e sua ironia.
Cian ri novamente.
- Nunca tive esse tipo de humor.
- Pior pra você.
- E qual a causa dessa sua mudança Joshua?
- Eu tenho que ser legal, afinal sou um mocinho.
- É?
- Sou! Eu elimino os bandidos.
- Quer compará-los a bandidos é? Retiro o que eu disse, você é o mesmo.
- Demônios são bandidos sim, e eu tenho todos os atributos de um mocinho.
- Você assiste mais filmes do que deveria.
- Filme é arte.
- Desde que consiga distingui-los da realidade.
- Meu conceito de realidade mudou muito.
- Viva o seu filme então. – Cian volta sua atenção para dentro da loja.
- Falta só uma donzela para o mocinho.
- Que tal a Morigan?
- É, eu dou uma chance para ela.
Cian solta uma gargalhada.
- Mas sabe como é, todos sabemos que o Dédalos arrasta uma asa pra ela. – Diz Joshua sorrindo.
- Arrasta duas. – Conclui Cian olhando o chapéu estranho que usava uma das atendentes do lugar.
- Eu queria uma mulher que fosse corajosa assim como ela.
- Aquilo é um chapéu de bobo da corte? – Cian apontava para o chapéu estranho.
- Não louca tipo ela, mas sei lá, ia ser difícil se relacionar com alguém que morresse de medo enquanto eu enfrentasse demônios. – Continua Joshua.
- Sim, aquilo é um chapéu de bobo da corte!
- Se bem que se eu gostasse dela dava para arranjar um jeito.
- Que legal! Eu queria ter um daqueles. – Cian estava mais que entusiasmado.
- Mas eu gostaria de dizer para ela o que eu faço, sabe?
- Onde será que ela conseguiu?
- Porque ia ficar chato eu sumir várias vezes e não ter uma explicação para dar.
- Vou lá perguntar. – Cian entra na loja e deixa Joshua falando sozinho.
- Ei cara, legal você hein!
Joshua olha para um grande relógio logo abaixo de uma propaganda de refrigerante.
- Melhor eu ir embora, logo estarei atrasado. – Joshua se dirige à pastelaria ao lado da loja.

***

Sentada no meio fio da calçada estava Morigan. Observava os carros e as pessoas enquanto tomava seu energético. Estava próxima ao centro da cidade e o movimento era grande, ela nem ligava para o barulho dos carros, estava acostumada.
Ela se levanta e joga para o lado a lata agora vazia, vê uma garotinha pegando a lata e colocando-a no lixo a poucos metros de Morigan. A criança olha para ela com reprovação, Morigan dá de ombros e sai.
Caminha olhando a rua e pensando. Pensava em como perdeu rápido a sua inocência, pensou em como ela afetava o mundo, pensava em porque o defendia. Passava diversas vezes por sua cabeça que ela não seria uma boa guardiã se pensasse desta maneira. Um guardião deve se dedicar de corpo e alma a defender as pessoas, sem hesitar.
Morigan nunca ligara muito para o mundo, era um pouco rebelde e egoísta. Sempre pensava que poderia ser o que quisesse, mas não queria ser nada, a indecisão desapareceu quando se tornou uma guardiã, viu que era o que ela queria, porém, agora ela se pergunta se devia continuar.
Ao passo que ela reflete muito em alguns momentos, na hora de agir é objetiva, não pensa muito, faz e pronto. Não sabe se é coragem ou talento, só sabe que é assim.

***

Dédalos estava quase chegando à faculdade, passava por um calçadão arborizado, via com freqüência pessoas correndo e passeando nele, só que hoje estava vazio.
- Está com pressa?
- O que?
Havia alguém escorado na parede à sombra de um belo arbusto, Dédalos não conseguiu ver quem era. Parecia só uma sombra, mal dava para ver sua silhueta.
- Se eu fosse você me preparava, vocês terão problemas em breve, problemas grandes.
- Do que você está falando? – Dédalos chega mais perto para ver o indivíduo.
- Não se aproxime! – A voz dele se tornou estranha.
Dédalos sentiu um grande arrepio na espinha.
- O que é você?
- Do que está falando? – A pessoa parecia debochar dele.
- Você é um demônio? – Dédalos sentia vontade de chegar mais perto e não conseguia.
- Está com medo? – A voz retornou ao normal.
- Vou...
Dédalos estava realmente com medo, queria atacar aquilo, tinha certeza que era um demônio, contudo não conseguia se mover. Não conseguia nem enfrentá-lo verbalmente, o medo não deixava.
- Vejo que não vou poder continuar, você está muito apavorado. Adeus.
Dédalos ouve uma risadinha que parece envolvê-lo, ela desaparece instantaneamente, e com ela a sombra também se foi.
Dédalos estava suando, ele não entendia o que aconteceu. Nunca teve tanto medo, já esteve cara a cara com outros demônios, alguns extremamente horripilantes. Esse ele nem se quer viu e se apavorou.
Mal conseguindo raciocinar, ele foi para a casa, não ia adiantar voltar à faculdade no estado em que se encontrava.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Capítulo VIII: Volta às Trevas

- Sentem-se. – Com um movimento de mão o círculo que havia na mesa de Seth desaparece.
Lufus e Jasira se sentam nas cadeiras em frente a Seth.
- Vejo que se adaptaram bem e que você Lufus, teve problemas.
- Conheci os tais guardiões.
- Você me pareceu bem prepotente.
- Me senti muito poderoso no mundo dos humanos.
- Vocês devem tomar cuidado com isso.
- As almas nos deixam bem fortes. – Interrompe Jasira.
- Elas te revigoram, além de saciar sua fome, mas sua força continua a mesma. – Explica Seth.
- Lufus teve problemas com outros demônios também.
- Eu sei, era uma gárgula. Se vocês têm rixas com demônios não é problema meu.
- Não achei que teria problemas desse tipo. – Diz Lufus.
- Meu trabalho é só o de orientá-los, e já está acabado.
- Não precisamos mais vir aqui? – Jasira pergunta.
- Não, agora é com vocês.
- Os guardiões podem ser manipulados? – Lufus adorava sua persuasão sobre humanos.
- Ora Lufus, até podem, mas eles sabem que existimos e ainda são treinados para lidarem conosco, manipulá-los é bem difícil.
- Deveríamos eliminá-los.
- Sim, mas é bom evitá-los.
- Podemos ir e vir para aquele plano quando quisermos?
- Claro, mas ir durante o dia e ficar exposto ao Sol é desagradável. Bem, se ficarem muito tempo até acostumam.
- Não vale a pena.
- Também acho, é melhor ir durante a noite.
- E onde ficamos aqui nas trevas? – Jasira pergunta.
- Onde quiserem, podem construir um lugar em qualquer parte, podem roubar de alguém ou podem ficar lá fora mesmo.
- E nossos poderes? – Pergunta Lufus.
- O que tem?
- Estão completos?
- Vocês podem aumentá-los, só depende de vocês, quem sabe um dia possam se tornar Lordes.
- Teremos mais poderes?
- Serão mais fortes e poderosos. Terão sim mais poderes, porém nunca poderão ter aqueles que sua raça não pode ter, como a Visão. Entretanto há poderes que só Lordes tem, como a Perdição.
- E o que isto faz?
- Há uma raça de demônios chamados Perdidos, são humanos transformados. O Poder Perdição permite transformar um humano em um Perdido, eles têm todas as características de um demônio só que não podem roubar almas, só conseguem uma se outro demônio der a ele.
- É um grande poder, mas não tão útil.
- Você que pensa.
Fez-se um pequeno silêncio.
- Têm mais alguma dúvida?
- Não. – Responde Lufus.
- Eu também não. – Diz Jasira.
- Pois bem, meu trabalho convosco acabou.
- Até mais. – Lufus se levanta.
- Até. – Despede-se Seth.
Lufus sai.

- Aonde vai? – Lufus vê Jasira o seguindo e para de andar.
- Não sei, vou descansar. – Ele diz.
- Depois vamos juntos para o portal? – Pergunta a Sucubus.
- Que diferença faz, vamos nos separar quando chegarmos lá.
- Você anda precisando de uma guarda costas. – Zomba Jasira.
- Não é pra tanto, mas tudo bem.
- Então, vamos ou não?
- Vamos.
- Agente se encontra.
- Até lá.
- Até.
Jasira continua em frente enquanto Lufus vira à direita subindo para o lado oposto ao curso d’água pelo qual margeavam.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Capítulo VII: Guardiões

Joshua e Dédalos caminhavam madrugada adentro. Ultimamente os guardiões tinham noites longas, os demônios estavam aparecendo muito e era preocupante. Ambos tinham a impressão de que a noite de hoje não acabaria tão cedo. E estavam certos.

Já não havia muitas pessoas nas ruas.
Os dois guardiões encontram um homem deitado no chão. Um demônio estava agachado sobre ele com a palma da mão em seu peito, estava roubando sua alma.
- Droga. – Joshua reclama enquanto saca um de seus revólveres.
O demônio levanta a cabeça para olhar os dois. Dédalos empunha seu facão e o demônio escapa do primeiro tiro de Joshua.

- Guardiões, eu suponho. – Lufus acaba de matar um homem e pegar sua alma.
- Vocês andam bem informados. – Dédalos diz se aproximando cautelosamente.
- Pra mim vocês parecem simples humanos. – Lufus sentia-se mais forte quando conseguia uma alma.
- Humanos com orgulho. – Joshua odiava ainda mais os Incubus, por serem semelhantes a pessoas.
Joshua atira três vezes no demônio, um tiro acerta seu ombro.
- Argh! – Lufus percebeu que as armas humanas eram fortes.
O Incubus avança sobre Joshua que já sacava o outro revólver. Dédalos desfere um golpe quando Lufus chega perto. Este consegue se esquivar levando o corte só de raspão. Joshua acerta uma bala na cabeça de Lufus. O demônio é arremessado com a força do tiro.
- Ahhhhhh.
Lufus se levanta cambaleando e seus olhos ficam vermelhos. Ele salta em Joshua e tenta socá-lo. Erra porque o guardião rola para trás. Dédalos ataca de novo e Lufus acerta sua mão destroncando seus dedos e derrubando o facão no chão.
- Maldito! – Dédalos já sacava sua pistola.
Lufus amplia sua resistência e recua dos tiros de Dédalos.
O demônio tenta controlar sua raiva e ficar frio.
Joshua carrega o primeiro revólver e volta a atirar. Lufus rebate duas balas e em um instante se aproxima deles.
Dédalos atira na perna de Lufus o fazendo cair. Joshua chuta o rosto dele, aponta sua arma, mas é jogado na parede pelo demônio.
- O que vocês ganham me enfrentando? – Lufus não gostou de enfrentá-los.
- Um mundo melhor. – Dédalos estava de trás do demônio pronto para atirar.
Lufus chuta o peito do humano que é arremessado até a parede, longe de sua pistola.
- Vocês deveriam ficar no seu mundo. – Joshua acertou um tiro nas costas de Lufus e continuava atirando enquanto recuava.
Lufus vai até ele numa incrível velocidade e o ataca. Joshua tenta esquivar, porém leva um soco na coxa e cai de costas no chão. Dédalos pega seu facão caído e corre para ajudar.
- Vocês humanos deveriam nos idolatrar. – Lufus mostrava suas garras.
- Nunca! – Joshua ergueu suas armas rapidamente.
Dédalos dá uma estocada na barriga de Lufus que não o viu se aproximar. O guardião faz um grande corte ao puxar o facão para o lado. Lufus esquiva dos tiros de Joshua e se afasta bem rápido.
- Vocês são inferiores a nós. – Diz Lufus.
O demônio voa e vira as costas.
- Covarde!
Lufus leva um tiro na perna e perde um pouco o equilíbrio. Vira-se e vê Joshua atirando contra ele. Bate suas asas mais forte e se afasta até não ouvir mais tiros.

***

Lufus senta sobre um muro alto e descansa.
- Nos encontramos de novo. – Fala uma voz monstruosa que Lufus reconhece.
Vira a tempo de ver uma Gárgula o chutar. Ele cai no chão sem reação.
- Não terminamos nossa conversinha. – A Gárgula pousa a sua frente.
- Parece que ainda quer morrer. – Lufus tenta se levantar.
O monstro ergue seu pé para pisotear o Incubus quando é atingido por algo.
- Cai fora! – Diz Jasira.
- Grrrrrrr
Jasira voa sobre ele e acerta uma cotovelada em seu rosto. Uma grande rachadura se forma no queixo da estátua que foge voando.

- Obrigado.
- Parece que andou brigando. – Jasira diz enquanto ajuda Lufus a se levantar.
- Mais do que imagina. – Lufus já esta de pé e vê que seu corte na barriga não existe mais.
- Eu não tive problemas. – Diz Jasira zombando.

- Argh! O que é isso? – Lufus reclama
- Uma luz horrível e quente. Acho que é...
- O sol. – Conclui Lufus
- É. – Jasira procura uma sombra.
- Vamos voltar para as trevas.
- Vamos, você parece bem cansado. – Jasira sorria sarcasticamente.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Capítulo VI: Estátua

- Esse território é meu, não admito outro demônio aqui!
- Já disse, quem vai me tirar daqui?
A Gárgula encara o Incubus com raiva.
- Estou esperando. – Diz Lufus.
Ela avança na direção dele. Lufus salta por cima dela e cai perto do centro do prédio.
- Vai fugir? – Parecia mais um rugido do que palavras.
- Não preciso.
Com grande agilidade Lufus dá uma investida e acerta um soco no peito da criatura. A pele dela era dura, foi como socar uma parede grossa de concreto.
- Grrrrahh
Ela dá uma patada, que só acerta o ar, porque o Incubus se esquivou para baixo. Não a tempo de escapar de um gancho da criatura. Lufus é lançado uns três metros com o golpe.
Antes que pudesse se levantar a Gárgula já estava voando em cima dele. Lufus consegue rolar evitando ter sua cabeça afundada por garras.
- Desgraçado. – Lufus só o insulta para tentar desconcentrá-lo.
- Vai aprender a obedecer ordens!
Ao dizer isso ela junta sua mãos e cria uma bola negra no meio. Era uma energia luminosa, a bola cresce e é arremessada. Lufus coloca seus braços em frente ao peito, cruzados. Seus músculos enrijecem. A energia o atinge em cheio onde se defendia e ele é jogado para fora do prédio.
Mal começou a cair, ele bate suas asas para voar de volta ao topo. A Gárgula aparecia no beiral, encontrou com Lufus subindo. Este avançou com o ombro pra cima do oponente e jogou seu corpo contra ele. Não o empurrou muito, apesar da pancada, mas foi o suficiente para girar e acertar um pontapé na criatura, que vai ao chão.
Logo os braços e pernas de Lufus se fortalecem e ele investe sobre o outro demônio enquanto este se levantava.
A Gárgula não consegue escapar do primeiro soco, que acerta seu rosto. Defende-se do segundo e do terceiro golpe. Tenta bater em seguida, mas leva uma joelhada onde deveria haver costelas. Sua pele rígida não sofre qualquer arranhão, mas ele cambaleia. Lufus não perde tempo e continua a bater, porém é surpreendido pelo braço da estátua que sobe rapidamente e bate em seu rosto. Em seguida escapa de um soco do monstro.
- Grrrrraaaaaahhhh – O rugido propagava a raiva.
Os olhos da criatura cintilavam enquanto os dois trocavam socos.
Ela consegue acertar um chute na barriga de Lufus parando seu próximo golpe, ela gira tentando chutar como ele, só que erra e se desequilibra. Lufus tenta acertá-la nas costas, mas ela joga sua asa para trás acertando-o.
Quando ela se vira Lufus cai e se levanta muito antes que ela pense em qualquer coisa.
Ela já não pensa muito, está tomada pela raiva e só quer bater no Incubus. Já ele apesar de bravo por estar praticamente batendo numa rocha, se mantém frio.
Ele começa a usar suas garras para atacar a criatura, ela recua, mas leva um golpe no pescoço, que cria um arranhão profundo, apesar de parecer cortes em cimento.
Lufus se afasta e ataca com uma voadora certeira no local que acabou de ferir.
- Argh – Ela perde o fôlego e cai com um baque surdo perto da beirada do prédio.
Ela vê o Incubus vindo atacá-la com um soco e com uma pancada tira o braço dele para o lado. A Gárgula o agarra e se levanta. Começa a apertá-lo com força. Ele se fortalece e se desvencilha. Em seguida vai para trás com um mortal, desferindo um golpe com os dois pés no queixo da estátua. Ela cai do prédio.
Lufus vai até o beiral para vê-la, todavia não a acha.

***

Dédalos dirigia o carro enquanto conversava com Joshua.
- Presta atenção aí. – Diz Joshua.
- Eu sei dirigir, não precisa ficar me ensinando. – Reclama Dédalos.
- Mas você é muito barbeiro.
- Nem sou, são as outras pessoas que dirigem mal.
- Vai mais devagar, não queremos ir muito longe.
- Devia ter um restaurante por aqui, eu acho.
- Vê se lembra onde é, estou morrendo de fome.
- Se você ficar falando sem parar eu não acho.
- Ei, o que é aquilo? – Joshua aponta para um objeto cinza no alto, descendo o céu.
- Não sei, não me parece nada bom.
O objeto passa por cima deles e some, logo em seguida há um estrondo.
- Ouviu? – Pergunta Joshua.
- Sim.
- Vamos ver o que é.
O carro faz meia volta.

***

A pracinha estava vazia, nunca é muito movimentada, mas durante a noite ninguém aparece. Estava ficando cada vez mais tarde e um casal ainda estava lá.
Os dois estavam conversando sentados num banco e nem viam o tempo passar.
- O que é aquilo amor? – A moça pergunta apontando para o céu.
Uma coisa cai do céu e racha o chão.
- Meu Deus! – O rapaz chega mais perto e vê o que parece ser uma estátua.
- De onde isso veio? – Ele pergunta espantado.
- Ahhhhhhh. – A mulher grita ao ver a estátua se mexer.
A estátua segura um de seus próprios braços com a mão e se vira para olhar os dois.
- Grraaahhhhh!!!!
Ele anda na direção deles com a boca aberta e passos demorados.
- Vamos sair daqui! – O rapaz estava desesperado.
Ele tenta correr, tropeça e cai. A estátua ergue uma mão e ataca sua cabeça. Antes de acertá-lo, ela leva uma chicotada na cara. O homem que já achava que ia morrer é puxado pela mulher quando o monstro muda sua atenção.

- Seu lugar não é aqui demônio maldito. – Morigan estalou seu chicote na cara da Gárgula.
- Uma guardiã. Terei prazer em possuir sua alma.
- Nunca! – Ela dá uma nova chicotada e acerta o braço do demônio.

Quando Morigan viu o chicote entre as armas que Cian oferecia, ficou intrigada. Imaginava o que um simples chicote fazia entre aquele arsenal, acabou que ela não resistiu e adotou o chicote como arma. Também usava granadas que eram fornecidas por Cian, como todas as armas dos guardiões.

- Uma garotinha como você acha que pode me enfrentar?
Morigan lança a ponta do chicote para cima e desce o braço de uma vez, acerta o olho da Gárgula que fica desnorteada.
O demônio corre na direção dela. Em vez de recuar, ela vai para cima dele. Escapa de um soco e dá três chicotadas certeiras rapidamente. Em seguida rola e se afasta.
O demônio parece meio fadigado e nem consegue se desviar dos golpes. Morigan agita seu chicote no ar e a Gárgula o segura.
- Vamos ver como você se sai sem seu brinquedinho. – A voz dele era monstruosa.
- E quem disse que vou ficar sem ele?
Morigan puxa o chicote que escapa da mão de demônio, um filete de pedra cai da mão dele.
Ele avança sobre ela novamente. Dessa vez a guardiã recua e corre para o lado. Agita o chicote novamente e acerta a Gárgula duas vezes.
- Pare de fugir! – Ele rosna.
O demônio arranca um banco do chão e joga no casal que corria mas que ainda estava na praça.
- Socorro! – A mulher grita. O banco não os atinge por pouco.
- Venham para trás de mim! – Grita Morigan.
Enquanto eles correm, Morigan lança o chicote para o lado e volta de uma vez. Acerta em cheio o ombro da Gárgula e tira um grande pedaço dele.
- Argh!
Ela abaixa a mão e começa a rodá-la em espiral, a espiral se propaga no chicote.
A Gárgula avança sobre ela, que foge para o lado e ataca acertando-o no peito com a arma. Ela se coloca na frente do casal.
- Morigan!
Ela se vira e vê Dédalos e Joshua saindo correndo do Corvette.
- Precisa dos amiguinhos? – Pergunta a Gárgula.
- Vou te banir! – Dédalos dizia enquanto sacava a pistola.
A Criatura arranca uma arvore e a ataca horizontalmente contra eles.
Morigan abraça a mulher e pula fora do caminho. Dédalos joga o rapaz no chão e se joga em cima dele. Joshua salta e bate as mãos no tronco para ter impulso e pular por cima, no ar tira um dos revólveres, porém ao apontar, vê que a criatura já não estava lá.
- Fugiu. – Diz Joshua ao cair no chão.
- O quê? – Dédalos se levanta para olhar.
- Parece que ele não podia enfrentar nós três juntos. – Conclui Morigan.
- Vamos embora. – Dédalos ajuda o homem a se recompor.
- Vamos, eu ainda estou com fome. – Diz Joshua.

terça-feira, 9 de junho de 2009

Capítulo V: “Mundo Real”

- É como eu imaginava.
Lufus se via num beco. Estava agora na terra dos humanos, acompanhado de Jasira.
Era noite, a lua não brilhava muito, a maior parte da luz noturna era artificial. O beco era o local mais escuro dali, onde as luzes dos edifícios, postes, casas e os faróis dos carros não atingiam muito. Podia se ver uma rua dali, o beco dava nela, ele era bem estreito, porém ultimamente andava movimentado. A parede do outro lado emanava uma energia, Lufus via que se ele tentasse atravessar voltaria ao portal que o trouxe.
- Olhe! – Jasira chamou sua atenção.
- Humanos. – Constatou.
Um casal apareceu na calçada em frente ao beco, com um carrinho de bebê.
- Parece que achamos nossas primeiras vítimas. – Lufus sorria.
- Será que devemos? – Pergunta Jasira.
- Do que está falando?
- Não seria melhor acharmos alguém que estivesse sozinho?
- Mas são só humanos, se não conseguirmos as almas deles por bem, podemos matá-los.
- Mas muitos iam ver se atacarmos eles aqui, em público.
- Tem razão, seria um problema.
- Vamos esperar eles saírem, então vamos em busca de outros.
- Parece que estamos com sorte.
O rapaz beija a moça e atravessa a rua, ela fica parada olhando para o carrinho.
- Eu vou atrás do homem, fique com a alma dela. – Dizia Jasira já se encaminhando para fora.
A mulher olha para Lufus quando ele sai do vão, este a recebe com um sorriso.
- Olá. – Diz ele elegantemente.
- Ah... oi. – A mulher balança o carrinho sem muita consciência do que está fazendo.
- Poderia me dar uma ajuda? Estou meio perdido.
- Sim, claro. – Os olhos dela brilhavam.
- Poderia tomar um café comigo enquanto conversamos? – Ele oferece gentilmente.
A mulher olha um instante para o outro lado da rua, para farmácia onde seu marido havia entrado.
- Tudo bem. – Ela sorria.
Os dois caminham para a lanchonete ao lado do beco.

***

Três jovens conversavam numa viela bem parada.
- Afinal o que fazemos aqui, devíamos patrulhar. – Disse um deles.
- Hoje está tudo calmo. – Dizia Dédalos pensativo.
- Graças a Deus. – A garota que disse isso, o fez inexpressiva.
- Você vai ver como fizeste bem em começar a usar armas. – O primeiro falou.
- Eu sei. – Responde Dédalos.
- É muito arriscado enfrentar demônios sem nada pra se defender, eles são muito fortes para nós.
- Mas você também começou sem armas Joshua. – Dédalos o lembrava.
- Sim, mas logo peguei uma.
Joshua estava sentado no capô de um Corvette, o carro era de Dédalos. Joshua se vestia de bermuda e estava com uma camiseta vermelha, ele usava roupas com cores fortes, pois achava que os demônios não gostavam. Ele era o mais singular dos três, não era corajoso, honrado ou vingativo, simplesmente achava que não tinha nada a perder, odiava os demônios só pelo fato de serem demônios. Tinha dois revólveres de calibre 45 na cintura, estavam em coldres num cinto que sempre usava. Hoje ele estava com uma espingarda calibre 12 pendurada por uma alça diagonal que cortava seu peito, raramente andava com a arma, por ela ser grande e chamar atenção. Ele tinha 23 anos, e não possuía porte de arma.
- Que seja, agora não faz mais diferença, já que estou armado também.
- Tá, você quer o que? – Pergunta Joshua.
- Nada. Pra que trazer essa espingarda?
- Ah, depois que o Cian falou que tínhamos que andar juntos, eu achei que fosse precisar de algo mais agressivo.
- Resumindo, ele está com medo. – Disse a garota.
- E você já me viu temer algum demônio, Morigan?
- Não, mas você provavelmente não demonstra.
Morigan estava sentada no chão, era a única mulher ali, era também a mais nova, e a mais imprudente dos três. Na opinião de Dédalos ela perdia a noção do perigo, enfrentava os demônios como se fosse fácil derrotá-los.
- Não tenho medo de demônios, e nem de demonstrar meus sentimentos.
- Ta bom então, você trouxe a arma só por precaução. – Ela estava vestida com uma calça de ginástica e uma blusa regata apesar do vento frio da noite. Ela abandonou seu estilo gótico desde que soube da existência dos demônios. Já que, ao que parecia, eles realmente gostavam do estilo.
- Vamos dar uma andada por aí, pra ver se está tudo bem.
- Calma Joshua, daqui a pouco nós vamos. – Reclama Dédalos.
- O que Cian falou pra você da última vez que se encontraram?
- Por que esse interesse?
- Desde então você anda muito pensativo. O que ele disse?
- Nada de mais Joshua, nada de mais.

***

Quando Lufus tocou na pele da mulher, sentiu algo maravilhoso. Sentiu seu corpo receber um calor intenso. Parecia que um fluxo de energia entrava por suas mãos e corriam seu corpo inteiro, era um prazer inacreditável. Ele pode sonhar durante alguns segundos e por este instante achou sua vida perfeita. Ao término se sentia totalmente revigorado e forte.
- Terei tudo o que quero agora? – Pergunta a moça.
- E a partir de agora sempre terá.
- Qual é teu nome?
- Lufus.
- Acabo de entregar minha alma ao demônio, não é?
- Mais o menos isso.
- Parece que perdi uma parte de mim.
- Pelo menos você estará sempre comigo agora.
- Vejo que minha vida estará perdida.
- Mas você não vai se importar, sua mente não é a mesma agora.
Ela olha para o chão com uma expressão vazia.
- Tenho que ir agora. – Ele se despede.
- É... Tchau. – Ela agora sentia um vazio na alma e uma tremenda melancolia.
Ele se levanta e sai sem olhar para ela.

***

Ao sair na rua ele não vê nem Jasira nem o homem que ela foi atrás, o que chamava a atenção de Lufus agora era um prédio alto localizado a umas duas quadras da lanchonete. Ele foi até lá.

Assim que entrou o porteiro lhe cumprimentou.
- Pois não?
- Queria ir até o terraço.
- Pegue o elevador até o último andar e suba a escada no fim do corredor.
- Muito obrigado. – Lufus já se acostumou com a facilidade de lidar com humanos.
Subiu até o topo, achou a escada, o fim dela dava em uma porta, ele a abriu e chegou lá fora.
- Nossa!
Percebeu que quando absorvia uma alma todas as sensações se tornavam mais prazerosas. Sentir o vento bater no seu rosto estava lhe dando muito conforto.
Lufus sentou no beiral do prédio e ficou observando a cidade, poderia ter chegado lá voando, mas iriam vê-lo. De qualquer modo estava lá, e era um lugar agradável. Já pensava em ter mais almas, e refletia na idéia de que a sensação de matar talvez seja ótima, ele sente um impulso a fazê-lo.
- Ei!
Lufus se vira e vê uma gárgula, quando chegou ela não estava lá.
- O que foi? – Ele pergunta.
- Esse local é meu, vá pastar em outro lugar!
A gárgula tinha uma voz monstruosa e estava bem agressiva.
Lufus se levanta e fica frente a frente com ela.
- E quem vai me expulsar?

terça-feira, 2 de junho de 2009

Capítulo IV: Hora de Ir

- Falta mais uma coisa. – Disse Seth.
- O que?
- Vocês terão de me tocar.
- Só isso?
- Não se superestime Lufus.
- Podemos começar?
- Quando quiserem.
Lufus se lança extremamente rápido ao encontro de Seth, enquanto Jasira se manteve parada, desconfiada. Confiante de que já tinha conseguido, Lufus estende a mão e só encontra ar.
- Mas o que...
Olhando para cima, Lufus vê Seth no alto sorrindo para ele.
- Terão de ser mais do que rápidos para me pegar!
- Mas você voa. – Reclama Jasira.
- Quero ver se vocês também voam, essa é a última parte do treinamento.
Jasira salta, sobe alto, uns cinco metros do chão, mas não chega nem perto de Seth, este nem se preocupou com a investida.
- Droga. – Diz Jasira ao cair no chão.
- Minha vez!
Após se distanciar um pouco, Lufus corre para pular, salta tão alto quanto Jasira, ou seja, não o suficiente.
- Tenho asas pra que! – Lufus pareceu impressionado com as próprias palavras. – Isso! Minhas asas.
Totalmente descoordenado, Lufus mexe suas asas, tenta se concentrar em controlá-las. Tem muita dificuldade, olha para a sua mão e começa a movimentá-la em comparação. Logo vê que não é tão complicado, enfim consegue movê-la perfeitamente.
- Vão desistir tão rápido? – Seth pergunta lá de cima.
- Você vai ver!
Agachado, Lufus pega um impulso para o salto, assim que sobe bate as asas lentamente. Vai pegando altitude, porém sem muita velocidade. Seth não foge quando Lufus chega perto, só espera que este o toque. Como tocou.
- Muito bem, você conseguiu.
- Você duvidou?
- Pare de bater as asas.
Lufus começou a cair ao parar, voltou a batê-las para continuar voando.
- Não dá.
- Dá sim, você só precisa desenvolver seu vôo.
- Pelo menos consegui te pegar.
- É, agora é a vez da Jasira. Jasira?
Seth procura, mas não vê mais a Sucubus lá embaixo.
- Peguei! – Jasira diz isso atrás de Seth, ao passar os braços por baixo dos dele e o segurar.
- Muito bom, me pegou de surpresa. Agora vamos descer.
Lufus simplesmente para de bater suas asas e cai de pé tranquilamente.
- Lufus, se você conseguir voar sem usar as asas vai ser mais rápido.
- Então pra que elas servem?
- Esticando-as enquanto voa, você terá mais precisão e velocidade, mas não precisa delas para voar. Eu não tenho asas e vôo.
- Vou tentando.
- Seus treinamentos já acabaram, agora venham!
Todos voltaram para dentro da casa.

***

Seth se sentou na poltrona e cada um dos outros foi para uma cadeira.
- Sei que estão cansados com o treinamento.
- Sim, eu estou com fome. – Diz Lufus.
- Claro que está, vocês não comeram desde que nasceram.
- Nossa.
- Mas não há comida para vocês aqui, até porque nós não nos alimentamos de comida.
- Já imaginei. – Diz Jasira.
- Pode comer o que quiser se achar o gosto bom, mas não vai te alimentar.
- O que vai? – Lufus ficava cada vez mais intrigado.
- Almas.
- Almas? E como conseguimos? – Ele gostou da idéia.
- Com humanos, vocês conseguem os matando, ou se eles te entregarem de bom grado. O que para as suas raças não é nada difícil.
- Há humanos por aqui?
- Não, mas um demônio pode dar um pouco de alma que tenha pegado a outro demônio.
- Prefiro pegar de humanos. – Jasira dizia entediada.
- Obviamente, é o seu instinto. Para encontrar com um, tem que ir até o plano deles.
- Onde fica? – Pergunta Lufus.
- Fica logo acima daqui. Para chegar vocês podem pegar um portal.
- Como chego num?
- Eles estão por toda as trevas, é só você olhar no horizonte, são estátuas gigantescas que podem ser vistas de longe.
Lufus já estava levantando.
- Espere, antes vocês precisam conhecer algumas coisas do mundo deles.
- Mundo? – Pergunta o Incubus.
- O mundo é o mesmo que o nosso, mas é comum usarmos esse termo.
- Então fale o que precisamos saber.
- Eles podem vê-los perfeitamente, mas se os manipularem bem, nem precisam se metamorfosear, porque eles acabam nem percebendo suas asas, garras e tudo mais. Uma boa vantagem de suas raças, serem parecidos com humanos.
- Mas se perceberem, é só matá-los e pegar suas almas. – Diz Lufus satisfeito.
- Sim, mas ainda há outra coisa.
- O que?
- Guardiões.
- Ahn?
- São humanos que sabem de nossa existência, estão armados e são treinados para defenderem as pessoas contra nós.
- Pelo menos são só humanos.
- Mas muitos são bons, vocês são inexperientes ainda, não é bom se confrontarem com eles.
- E como reconhecemos um?
- Não sei, tenham cuidado. Mas há poucos deles, e não têm poderes como nós.
- Vou ser discreta. – Diz Jasira.
- Vou olhá-los daqui, qualquer coisa que quiserem saber sobre lá, é só perguntarem quando voltarem.
Seth desenhou um círculo na mesa, o miolo dele ficou preto.
- O que é isso? – Pergunta Lufus.
- Vocês não podem ver nada aqui, porque esse poder não podem ter.
- É um poder de Lorde?
- Não, a raça de vocês não desenvolve o poder da Visão. Isso me permite usar algum objeto para ver qualquer lugar.
- Falando nisso, sabe de que casta somos?
- Pela quantidade de poderes, incluindo vôo, me parece que ambos são Duques, isso é bom, acima de vocês só há General e Lorde.
- E como subimos de casta?
- Terão de aumentar seus poderes.
- Vamos indo, que estou fraco.
- Não precisam de muito, a fome os deixam fracos, mas uma pessoa já tem alma suficiente para muito tempo.
- Certo.
- Podem ir.

***

Ao sair, Lufus agora percebe as estátuas gigantes de monstros, estão sobressaindo na névoa que se espalha por toda as trevas, há portais por toda a parte.
- Aquele ali, parece o mais perto. – Jasira diz apontando para uma estátua que está na direção em que vieram.
- Também acho.
Os dois caminham até lá.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Capítulo III: Diálogos D’Outro Lado

A sala era clara, tinha um tom amarelo claro que aumentava a luminosidade. Havia alguns quadros nas paredes com imagens de paisagens limpas. O chão era um tatame, qualquer um diria que era uma academia de artes marciais, era esse o disfarce.
Um homem de kimono estava sentado no chão de pernas cruzadas, um jovem senta a sua frente.
- Acho que está na hora. – Diz o jovem.
- Hora? – pergunta o velho
- Já posso usar uma arma.
- Sim, claro! Você passou um bom tempo lutando de mãos limpas. Você teve paciência Dédalos.
- Obrigado.
O homem se levanta e abre uma porta corrida que era a parede dos fundos.
- Entre.

O lugar que fora revelado era quase do tamanho da outra sala, porém estava forrado de armas de todos os tipos.
- Como conseguiu esse arsenal senhor Cian?
- Tive ajuda governamental. – Cian tinha um sorriso de orelha a orelha.
- Nem sei o que pegar.
- Prefere que tipo de armas?
- Gosto de armas de fogo.
- Armas de longa distância como as de fogo são boas, mas os demônios têm muito reflexo e são extremamente ágeis, não é fácil acertá-los.
- Eu sei.
- Por outro lado armas de curta distância te deixam mais perto deles, o que é um risco.
- Risco se corre de qualquer jeito. Vou pegar dos dois tipos.
- Tudo bem, não esqueça de pegar munição.
- Vou ficar com essa pistola e esse facão.
- Sempre que precisar de munição pode vir aqui.
- Certo.
Os dois saem e Cian fecha a porta. Em seguida senta no chão novamente.

- Estão aparecendo mais demônios ultimamente. – Diz Dédalos.
- É o que estão me dizendo.
- O que será que está havendo?
- Não sei, mas coisa boa não é.
- Ultimamente nós temos que sair toda a noite para vasculhar, às vezes temos problemas até de dia.
- Acho bom vocês andarem mais juntos.
- Mas vamos cobrir uma área menor.
- Fiquem pertos pelo menos.
- Tive a impressão de ver uma besta ontem.
- Acredite, se tivesse visto não se esqueceria.
- Demônios são demônios, seja qual for sua raça.
- Bestas costumam ser mais fortes que as outras, e ainda existem os Incarnas.
- Incarnas?
- É uma raça muito poderosa, não sei se há outro além de Satã.
- Nossa!
- Ainda bem que nenhum Lorde aparece por essa região, senão estaríamos em maus lençóis.
- Você já viu algum Lorde?
- Eu vi tantos demônios quanto você, eu ensino, guio e ajudo os guardiões, nunca fui um.
- Entendo.
- Talvez ainda não tivesse vivo se fosse um.
Dédalos olha para o nada pensativo.
- Essa vida é perigosa meu jovem, mas você anda se saindo bem.
- Obrigado.
- Acho que algo ruim está por vir, e olha que não sou de ter pressentimentos.
- Espero que você esteja errado.
- Eu também.
- Não é bom recrutar mais alguém?
- Não é fácil encontrar uma pessoa apta para ser um guardião.
- Se eu pude ser, qualquer um pode.
- Não se subestime, já disse que você se sai muito bem.
- Mas antes de ser um guardião eu era um zero à esquerda.
- Você sabe que não. Está com medo?
- Não é isso.
- É normal sentir medo, isso te faz humano.
- E pode me atrapalhar.
- Olhe, ter três guardiões numa região já é um número alto. Soube de lugares que se viram com um só.
- Se continuar a aparecer tantos demônios, esses caras não vão agüentar sozinhos.
- É incomum demônios andarem em grupo, são seres solitários.
- Eu já enfrentei dois de uma vez.
- Eu disse incomum, não impossível.
- O problema é que eles são imprevisíveis, não dá para se guiar nessas teorias, creio que não dá para conhecê-los.
- Uma teoria é certa, eles têm individualidade, cada um é cada um, assim como nós.
- Não gosto quando os compara com humanos.
- As semelhanças existem, não dá para negar.
- Dá, são muito diferentes de nós.
- Alguns podem até se passar por humanos.
- Maldita metamorfose!
- É por isso que eu sempre digo para tomarem cuidado, os demônios não são confiáveis, eles mentem, enganam, traem, manipulam mais do que qualquer humano.
- Nunca confiaria em um.
- Melhor assim, muitas vezes eles parecem bem convincentes, sempre desconfie de humanos assim.
- Eu nunca encontrei um demônio disfarçado.
- Talvez não tenha percebido.
- Talvez.
- Você parece bem cansado rapaz.
- E estou. Mas não é cansaço físico.
- O que é pior ainda. Vá, descanse um pouco hoje. A vida de um guardião é muito dura.
- Obrigado.
Dédalos sai da sala. Cian volta a ficar sozinho, numa espécie de meditação.
- Você ainda vai ter muitos problemas.
Cian fecha os olhos.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Capítulo II: A Nova Hóspede

- Ahhhhhhhhhhhhhh

- Ahn?

- Já tem outra!
Ela abre os olhos e se vê nos braços de uma criatura escamosa.
- Ah!!
Ela pula no chão e se afasta.
- O que é você?
- Um demônio, como você.
Ela vê um rabo mexendo ao lado de sua perna esquerda, em seguida percebe que quem mexe o rabo é ela.
- Qual o seu nome?
- Jasira. Que lugar é esse?
- As trevas. Outro demônio acabou de chegar de Al’Sena assim como você, se for rápida pode pegar as explicações junto com ele.
- Pegar explicações?
- Vá falar com o Corruptor Seth, ele te dirá tudo o que quer saber. É só seguir esse curso d’água para lá.
- Mas você podia me...
- Desculpe, mas eu não tenho paciência para ficar repetindo o que falo, se o outro demônio não tivesse acabado de chegar eu até te ajudava mais.
- Está bem, é... obrigada.

***

Jasira chega a uma construção toda de pedra à margem da água. Vê duas pessoas do lado de fora, logo em seguida percebe que provavelmente não são pessoas. Estavam com o que pareciam ser uma gaiola e dois animais.
Uma das pessoas vem em sua direção. Mais de perto Jasira percebe que é um monstro, um demônio, como talvez ela seja, ainda não se acostumava com essa idéia.
- Quando digo que tenho muito trabalho ultimamente ninguém dá atenção – diz o demônio ao se aproximar.
- Você é Seth?
- Sim, entre.
Os dois entram no lugar.
- Pode sentar-se – Seth aponta para uma das cadeiras que estão de frente a uma mesa.
Ele senta em uma poltrona de pedra. Jasira também se senta.
- É sempre um prazer auxiliar uma Sucubus, sem malícia – diz Seth sorrindo.
- Uma o que?
- Sucubus, é a sua raça.
- Então sou mesmo um demônio?
- É! Tem alguma dúvida?
- Mais ou menos.
- Sei que está confusa, vou te explicar tudo.

***

- Sai!
O macaco se pendurou no pescoço de Lufus, este empurra o animal para longe.
- Fique quieto!
Ao se levantar, o macaco começa a correr.
- Volte aqui animal do inferno!
Sem dar atenção, o símio continua correndo.
- Eu disse volte!!!
Num pulo o bicho obedece e volta.
- Agora como eu faço isso?
Lufus deseja que sua manipulação sobre o macaco aumente. Sente seu corpo esquentar e ele se sente confiante.
- Olhe para meus olhos!
O macaco aparenta estar pasmo.
- Parece que eu consegui.

***

- E como faço para usar meus poderes? – Pergunta Jasira
- Vamos treinar agora, veremos quais poderes você tem. – responde Seth.
- Treinar?
- É, vamos lá fora.

***

- Me bata!
O macaco pula e acerta um soco no rosto de Lufus.
- Consegui, não senti nada.
O animal bate outra vez.
- Pare!
- Vejo que está se saindo bem. – Seth diz ao se aproximar.
- Sim, já consegui ampliar minha força, minha resistência, minha...
Seth estava acompanhado de uma mulher, era um demônio também, mas era muito bela. Ela era alta, possuía asas iguais as do Incubus, tinha também um rabo e caninos pontudos. Todavia qualquer característica demoníaca nela era ofuscada por sua beleza, Parecia mais uma obra de arte do que uma mulher de tão linda. Ela o olhava intensamente, como se o tivesse achado tão bonito quanto ele a achou.
- É sempre impressionante quando uma mulher vê um Incubus pela primeira vez e vice-versa. Mas devo alertá-los que uma união entre os dois nunca daria certo. – Seth parece achar graça da situação.
- Por que? – pergunta Jasira.
- Vocês devem se relacionar com humanos, tanto que é a única forma de procriarem.
- Ela é um Incubus como eu? – pergunta Lufus.
- Não exatamente, ela é uma Sucubus, que é o equivalente feminino à sua raça.
Os dois se fitam por mais um instante.
- Agora vamos ver se ela tem ampliação, já que você conseguiu, poderia ajudá-la. – fala Seth.
- Certo.

***

- Agora vamos tentar poderes mais difíceis. – diz Seth
- O que seria? – Lufus apreciava o treino.
- Metamorfose. Imaginem-se com chifres.
Mal Seth termina a frase e Lufus sente chifres saindo de sua cabeça.
- Muito bem, vejo que estão rápidos.
Os chifres que ambos criaram eram iguais aos do demônio escamoso que ambos encontraram quando chegaram.
- Metamorfose é muito útil para esconder asas, ficar parecido com humanos ou se disfarçar. – explica Seth - Lufus, mande o macaco subir no seu ombro.
Lufus hipnotiza o animal e esse sobe em seu ombro.
- Veja que seu chifre sumiu.
Era verdade, o chifre que ele havia feito brotar não estava mais lá.
- Vocês têm que ter cuidado, se esquecerem da metamorfose voltam à forma real no mesmo instante.
Lufus tira a hipnose do macaco que volta pro chão.
- É difícil se concentrar em outro poder e manter a metamorfose, vocês precisam treinar isso. – explica o Lorde.
Jasira tenta sem sucesso aumentar sua força sem fazer seu chifre sumir.
- Vamos tentar Incorporação. Esse poder permite que vocês possuam o corpo de algum animal ou humano. Tentem com eles. – Seth aponta para o cachorro e o macaco.
Jasira fica olhando o cão sem saber o que faz. Mentaliza que é um espírito e tenta invadir a cabeça do cachorro. Quando percebe que está dentro, olha para o macaco e vê os olhos de Lufus nele. Sorri e tenta sair.
- Numa dupla é sempre mais fácil. – resmunga Seth.
- Impressionante! – comemora Lufus.
- Vamos aos outros poderes demoníacos, Ilusão e Ocultação, são poderes psíquicos que criam a ilusão de algo que não existe ou oculta algo real.
- Vamos lá...